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O custo do raciocínio mecanicista

Quando o corpo vira máquina, o cuidado fica mais caro, perde a lógica da vida e o diagnóstico se torna um quebra-cabeça cego.

Principais temas explorados:

O olhar fragmentado da especialização
Como a divisão rígida entre especialistas leva a diagnósticos falhos e prolonga o sofrimento do paciente

História do pensamento mecanicista
De Descartes ao paradigma do corpo como máquina quebrável, moldando séculos de práticas médicas

Guerras e a lógica de emergência
A medicina militar consolidando a visão reativa e centrada em sobrevivência imediata

Industrialização e checklists
A ascensão dos protocolos rígidos, medicalização em massa e perda da escuta clínica

Limitações do modelo de correção rápida
Ineficiência no tratamento de doenças crônicas e contextos complexos

Iniciativas de ruptura e visão integrada
Casos como Mount Sinai e Stanford mostrando modelos sistêmicos e interdisciplinares para o cuidado

Trechos sobre o tema:

“Cada especialista descartou patologias sob sua alçada e encaminhou a paciente adiante, como quem passa um objeto de mão em mão. No sexto dia, a mulher teve uma crise aguda de ansiedade no leito e só então foi ouvida por uma psicóloga, que identificou, enfim, uma síndrome de burnout com expressões somáticas complexas. Era um corpo em exaustão. Mas, por ter sido fracionada em partes, não foi vista como um todo.”
“Um estudo publicado no Journal of General Internal Medicine (2019) revelou que cerca de 12 milhões de pessoas por ano nos EUA são vítimas de erros diagnósticos evitáveis, e que a fragmentação entre especialistas é um dos principais fatores envolvidos. O estudo mostra que quando um paciente é atendido por três ou mais especialidades distintas, a chance de erro ou omissão diagnóstica praticamente dobra.”
“Caso clássico: um paciente chega ao pronto-socorro com fadiga intensa, insônia, perda de peso e dores musculares difusas. Pela triagem, passa por um clínico que descarta causas infecciosas; é encaminhado ao reumatologista, que não encontra critérios para fibromialgia; segue para o psiquiatra, que prescreve um antidepressivo, enquanto o endocrinologista anota que os exames estão ‘normais’. O paciente sai com quatro carimbos, um rótulo e nenhuma compreensão integrada. E, principalmente, continua adoecido.”
“O paradoxo é desconcertante: quanto mais especializado é o cuidado, mais cega se torna a assistência. E essa cegueira é estrutural. O sistema de healthcare foi desenhado para premiar a especialização e, simultaneamente, punir a tentativa de integração. Médicos generalistas, clínicos e integradores são sub-remunerados, subvalorizados e frequentemente vistos como ‘menos técnicos’ do que os superespecialistas.”

FIQUE POR DENTRO DO QUE JÁ ESTÁ MUDANDO

Embarque na jornada que desafia o senso comum e descubra uma nova perspectiva sobre a prática clínica.

  • Por que a ausência de sintomas é um critério insuficiente (e perigoso) de saúde
  • Como a medicina reduziu a vitalidade humana a indicadores laboratoriais (e por que isso é ineficaz)
  • O impacto do modelo fragmentado nas doenças crônicas e no burnout profissional
  • A medicalização silenciosa da vida emocional e a anestesia da escuta clínica
  • Como tecnologias, algoritmos e biomarcadores podem ser aliados reais — se usados com contexto, inteligência e propósito
  • E qual seria o novo pacto possível entre quem cuida, quem é cuidado e quem desenha os sistemas.
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